
Alice nos tempos da pós modernidade...
Foi-se o tempo em que mocinhas e bandidos eram totalmente bons ou totalmente maus. Hoje vocês vão conhecer a história de Alice, a mocinha sofrida que enganou e passou a perna no chefe de uma perigosa quadrinha e por isso é heroína da vez.
A vendedora de sonhos Alice foi sequestrada na sua loja de fantasias pelo grupo dos traficantes vermelhos, que se julgavam espertos como coelhos e a mantiveram em cativeiro no início do ano, num buraco no meio de um jardim. Apesar do medo e do sofrimento aquela toca até que lhe foi útil. Com seus poderes mágicos lhe revelam um pouco das crueldades e dos crimes cometidos pelo ser humano, como a violência e o desrespeito ao próximo. A escuridão da toca também ilumina seus pensamentos e apesar de ter os olhos vendados ela pode enxergar melhor a si mesma e seus conflitos interiores.
Felizmente, após dias naquele cativeiro, um senhor, que fabricava chapéus artesanais, viu uma movimentação estranha e chamou o exército branco da paz. E claro, só podia ser um maluco para denunciar um grupo perigoso como aquele. Mas por sorte não lhe aconteceu nada, Alice foi libertada, e hoje ele toma chá tranquilamente na varanda de sua casa.
Sim. Voltando a nossa Alice pós moderna, meses depois deixar o buraco do jardim ela ainda sente os efeitos colaterais daquele lugar fantástico. Os bandidos vermelhos não sabiam que o local lhe envolvia com altas doses de coragem e determinação, as quais foram mais que suficientes para que nossa heroína jurasse vasculhar todos os cantos do mundo em busca de vingança. Inclusive os universos paralelos, virtuais.
O desafio de Alice era encontrar em meio a milhões de páginas na internet o perfil do chefe da gangue vermelha e vencer o monstro do tráfico. E assim nossa mocinha troca seu olhar angelical e jeito de menina indefesa pela astúcia de um Sherlock Holmes. E usando um nome e perfil falso, como uma espiã, apoiada pelo exército branco, a corajosa Alice faz com que o chefe do mal caísse como um pato na sua armadilha. Assim, ainda que a passos de tartaruga, ela mostrou que era possível vencer o vilão, que se julgava tão esperto quanto um coelho e acabou se deixando envolver pela conversa de uma desconhecida sedutora na internet que o arrastou para um buraco. Mas um buraco sem volta. Não é como aquela toca mágica que Alice habitou, mas sim o horrível fosso que são os presídios do país branco. E foi assim que a cabeça do exército vermelho foi decapitada.
Mas como nem sempre as histórias tem um final feliz e o mundo não é só feito de maravilhas, a heroína Alice ainda não se sente totalmente recuperada para encarar a realidade da vida, em que não pode confiar sequer em seus semelhantes, e hoje pensa em vender outro tipo de produto.
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